(sindicato dos inspetores do SEF)

Inspetores do SEF exigem demissão de Eduardo Cabrita por ter mentido na AR

2021-02-18 18:05:15

O ministro da Administração Interna afirmou esta quarta-feira na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais que a GNR e a PSP estavam a substituir o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no controlo de fronteiras. “É mentira!”, denunciam os inspetores. “Eduardo Cabrita mente e quer extinguir o SEF apenas para esconder não ter feito nada nos oito meses que se seguiram à morte no aeroporto de Lisboa”.


O Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SCIF/SEF exige que Eduardo Cabrita seja demitido imediatamente de ministro da Administração Interna por ter mentido esta quarta-feira na Assembleia da República quando afirmou que a GNR e a PSP estavam a fazer controlo de fronteiras. Segundo o sindicato, quer as mentiras de Eduardo Cabrita, quer sobretudo a intenção de extinguir o SEF, são motivadas por uma única razão: evitar a sua própria demissão.

“Nunca a permanência de um ministro em funções fez tanto mal à segurança de um país, ao controlo de fronteiras e ao prestígio do Estado português  como a fuga para a frente que Eduardo Cabrita está a fazer desde novembro”, afirma Acácio Pereira, presidente do SCIF/SEF. “O SEF e o país estão a pagar a fatura de Eduardo Cabrita não ter feito nada, absolutamente nada, durante oito meses para corrigir a falta de investimento do SEF depois da morte do cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa em março de 2020: ora – como ontem os deputados na Comissão Parlamentar chamaram à atenção – não faz qualquer sentido que seja o SEF a pagar pelos erros políticos de Eduardo Cabrita”.


Para o sindicato, a linha vermelha foi passada quando na quarta-feira, na Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o ministro afirmou que a PSP e a GNR estavam atualmente a fazer o controlo de fronteiras. Segundo os inspetores, a GNR e a PSP estão presentes como habitualmente nas fronteiras, portos e aeroportos com as suas funções próprias, nada disso tendo a ver com o controlo de fronteiras assegurado pelos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

“O ministro foi longe de mais nas suas mentiras na audição na Comissão de Assuntos Constitucionais: é mentira que a Polícia de Segurança Pública ou que a Guarda Nacional Republicana partilhem actualmente, as competências de controlo das fronteiras aéreas e terrestres com o SEF!”, afirma Acácio Pereira. “Esta é uma competência exclusiva do SEF, cabendo à PSP e GNR cooperar, como sempre fizeram”.

Os inspetores do SEF chamam a atenção para a forma como o próprio ministro, na mesma audição, se desmentiu a si próprio e retirou qualquer razão para a transferência de competências policiais do SEF para a outras polícias. Eduardo Cabrita afirmou mesmo que “o SEF “esteve ligado ao melhor da resposta pública dos últimos meses!”

O ministro valorizou também “a qualidade profissional do SEF” e sublinhou que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras “participou na reposição temporária do controlo de fronteiras terrestres com Espanha, que não era feito há 35 anos”, esteve ligado “à legalização extraordinária de imigrantes no âmbito da pandemia” e montou “um modelo de regularização de renovação automática de estrangeiros”, que está a funcionar desde junho.

“Eduardo Cabrita é hoje um ministro à deriva, o qual, na mesma manhã, elogia o SEF... e diz que quer acabar com ele”, afirma Acácio Pereira. “Eduardo Cabrita é um político que se afastou em definitivo de qualquer defesa do interesse público e que, hoje, está obcecado com uma única coisa: salvar o seu pescoço e a sua cabeça”. O presidente do sindicato dos inspetores do SEF conclui que Eduardo Cabrita já fez demasiado mal aos serviços sob sua tutela e ao prestígio e à segurança de Portugal, unicamente para se defender dos seus próprios erros e omissões: “Tem de ser demitido já!”